No
filme, Olavo de Carvalho diz: 'Ninguém pediu para eles (militares)
tomarem o poder. Aí fizeram o golpe dentro do golpe'.
Lançado
na noite de terça-feira, o documentário “ 1964:
O Brasil entre Armas e Livros", da produtora gaúcha Brasil
Paralelo, traz entrevistas de jornalistas, escritores, filósofos e
historiadores de direita para explicar suas visões e interpretações
sobre o período da ditadura
militar
. Todos eles afirmam que havia um "perigo
comunista", mas, ao explicar o que ocorreu durante a deposição
do presidente João Goulart, três deles dizem que o que ocorreu na
época foi um “golpe.
O
documentário expõe o discurso do senador Auro de Moura Andrade,
presidente do Congresso Nacional na sessão que declarou vaga a
Presidência da República, depois que João Goulart deixou Brasília
rumo a Porto Alegre. No filme, logo depois da apresentação do
discurso, o jornalista e escritor Lucas Berlanza explica o problema
da ação do parlamentar:
-
Só que o Auro de Moura Andrade declarou a vacância do cargo baseado
em um artigo da Constituição de 1946 que dizia que o presidente da
República, ausente do país, sem comunicação oficial à sede do
governo se ausenta e aí o presidente do Congresso pode declarar que
o presidente está impedido - afirma ele. Mais
adiante, Berlanza conclui:
-
Então, do ponto de vista técnico, houve um golpe parlamentar ali
dentro daquela sessão parlamentar, porque a Constituição não
pregava aquilo. Foi a solução que as forças políticas encontraram
para equacionar o problema. É muito fácil a gente julgar as coisas
do ponto de vista de hoje, mas, tecnicamente, houve um golpe em 1º
de abril - apontou Berlanza.
O
filósofo Olavo de Carvalho, próximo ao presidente Jair Bolsonaro,
também se refere ao episódio como golpe.
-
O movimento de 64 não foi militar. Ele começou como movimento civil
- disse ele. - Só que no final, eles (militares) se precipitaram.
Eles nem queriam dar o golpe. Foi o (general) Mourão Filho que se
precipitou e obrigou os outros generais a entrar na coisa - disse
Carvalho, em referência às tropas que vieram de Juiz de Fora para o
Rio de Janeiro
Ao
comentar o mesmo episódio da destituição, surge na tela a
entrevista de Percival Puggina, também apresentado como jornalista e
escritor, que relembra que o Congresso Nacional foi avisado que
Goulart estava no Brasil.
-
O chefe da Casa Civil mandou uma carta para o Congresso onde disse
que o presidente estava em Porto Alegre e que estava no exercício de
suas funções. Foi lida e não foi acolhida a comunicação de que o
país ainda tinha um presidente da República em território nacional
- afirmou Puggina, rindo.
O
vice-presidente do Instituto de História e Tradição do Rio Grande
do Sul , Luiz Ernani Giorgis, também fala com ênfase sobre o fato
de a Presidência ter sido declarada vaga enquanto Goulart estava no
país.
-
Olha a situação que eles criaram. Ele estava dentro do território
nacional. Tava em viagem, mas estava dentro do território nacional -
diz Giorgis.
Fim das eleições diretas
Quando
o filme aborda o fim das eleições diretas para presidente da
República, já durante o governo do Marechal Castelo Branco, o
ideólogo Bolsonarista, Olavo de Carvalho, critica os militares.
-
No primeiro momento, eles salvaram. Realmente, desmantelaram uma
‘revolução comunista’, mas começaram a fazer cagada no dia
seguinte. Todo mundo tinha expectativa de novas eleições em seis
meses. Ninguém pediu para eles tomarem o poder. Aí fizeram o golpe
dentro do golpe - afirmou Olavo.
Ele
ainda disse que, durante a ditadura, os militares governavam com
técnicos e “reduziram o Congresso a uma espécie de cartório”
e, desse modo, a “classe política só servia para carimbar
decreto”.
“1964:
O Brasil entre Armas e Livros” tem direção de Filipe Valerim e
Lucas Ferrugem. O roteiro é assinado por Henrique Zingano e Lucas
Ferrugem. A produtora gaúcha já produziu outros filmes sobre a
história do país, sempre com viés de direita.
No
último domingo, o longa-metragem chegou a ser exibido em cinco salas
da rede Cinemark em Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Recife e
Brasília. Após críticas, a empresa divulgou nota em que informou
que as salas foram alugadas e que a exibição se tratou de um erro.
Segundo o Cinemark, o filme não entrará em exibição em seu
circuito nacional
Texto
retirado do site:
Assista
o documentário gratuitamente e garanta todo conteúdo exclusivo da
série 1964: O Brasil entre armas e livros. Após ler a noticia do site Globo acima e assistir o vídeo produzido pelo canal Brasil Paralelo tire suas próprias
conclusões sobre o tema.