4 de abr. de 2019

Entrevistados em filme pró-ditadura reconhecem que houve golpe em 64 .

 
No filme, Olavo de Carvalho diz: 'Ninguém pediu para eles (militares) tomarem o poder. Aí fizeram o golpe dentro do golpe'.
Lançado na noite de terça-feira, o documentário “ 1964: O Brasil entre Armas e Livros", da produtora gaúcha Brasil Paralelo, traz entrevistas de jornalistas, escritores, filósofos e historiadores de direita para explicar suas visões e interpretações sobre o período da ditadura militar . Todos eles afirmam que havia um "perigo comunista", mas, ao explicar o que ocorreu durante a deposição do presidente João Goulart, três deles dizem que o que ocorreu na época foi um “golpe.
O documentário expõe o discurso do senador Auro de Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional na sessão que declarou vaga a Presidência da República, depois que João Goulart deixou Brasília rumo a Porto Alegre. No filme, logo depois da apresentação do discurso, o jornalista e escritor Lucas Berlanza explica o problema da ação do parlamentar:
- Só que o Auro de Moura Andrade declarou a vacância do cargo baseado em um artigo da Constituição de 1946 que dizia que o presidente da República, ausente do país, sem comunicação oficial à sede do governo se ausenta e aí o presidente do Congresso pode declarar que o presidente está impedido - afirma ele. Mais adiante, Berlanza conclui:
- Então, do ponto de vista técnico, houve um golpe parlamentar ali dentro daquela sessão parlamentar, porque a Constituição não pregava aquilo. Foi a solução que as forças políticas encontraram para equacionar o problema. É muito fácil a gente julgar as coisas do ponto de vista de hoje, mas, tecnicamente, houve um golpe em 1º de abril - apontou Berlanza.
O filósofo Olavo de Carvalho, próximo ao presidente Jair Bolsonaro, também se refere ao episódio como golpe.
- O movimento de 64 não foi militar. Ele começou como movimento civil - disse ele. - Só que no final, eles (militares) se precipitaram. Eles nem queriam dar o golpe. Foi o (general) Mourão Filho que se precipitou e obrigou os outros generais a entrar na coisa - disse Carvalho, em referência às tropas que vieram de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro
Ao comentar o mesmo episódio da destituição, surge na tela a entrevista de Percival Puggina, também apresentado como jornalista e escritor, que relembra que o Congresso Nacional foi avisado que Goulart estava no Brasil.
- O chefe da Casa Civil mandou uma carta para o Congresso onde disse que o presidente estava em Porto Alegre e que estava no exercício de suas funções. Foi lida e não foi acolhida a comunicação de que o país ainda tinha um presidente da República em território nacional - afirmou Puggina, rindo.
O vice-presidente do Instituto de História e Tradição do Rio Grande do Sul , Luiz Ernani Giorgis, também fala com ênfase sobre o fato de a Presidência ter sido declarada vaga enquanto Goulart estava no país.
- Olha a situação que eles criaram. Ele estava dentro do território nacional. Tava em viagem, mas estava dentro do território nacional - diz Giorgis.
 
 

Fim das eleições diretas

 
 
Quando o filme aborda o fim das eleições diretas para presidente da República, já durante o governo do Marechal Castelo Branco, o ideólogo Bolsonarista, Olavo de Carvalho, critica os militares.
- No primeiro momento, eles salvaram. Realmente, desmantelaram uma ‘revolução comunista’, mas começaram a fazer cagada no dia seguinte. Todo mundo tinha expectativa de novas eleições em seis meses. Ninguém pediu para eles tomarem o poder. Aí fizeram o golpe dentro do golpe - afirmou Olavo.
Ele ainda disse que, durante a ditadura, os militares governavam com técnicos e “reduziram o Congresso a uma espécie de cartório” e, desse modo, a “classe política só servia para carimbar decreto”.
1964: O Brasil entre Armas e Livros” tem direção de Filipe Valerim e Lucas Ferrugem. O roteiro é assinado por Henrique Zingano e Lucas Ferrugem. A produtora gaúcha já produziu outros filmes sobre a história do país, sempre com viés de direita.
No último domingo, o longa-metragem chegou a ser exibido em cinco salas da rede Cinemark em Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo, Recife e Brasília. Após críticas, a empresa divulgou nota em que informou que as salas foram alugadas e que a exibição se tratou de um erro. Segundo o Cinemark, o filme não entrará em exibição em seu circuito nacional
 
 
Texto retirado do site:
 
 
Assista o documentário gratuitamente e garanta todo conteúdo exclusivo da série 1964: O Brasil entre armas e livros. Após ler a noticia do site Globo acima e assistir o vídeo produzido pelo canal Brasil Paralelo tire suas próprias conclusões sobre o tema.